quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sarau Mentes Livres: Viagem Solitária


Venham participar do Sarau Mentes Livres, com a temática transsexualidade e construção dos corpos!


*Livro tema: Viagem Solitária - a história de um transsexual 30 anos depois - João W. Nery
*Exibição e debate do documentário "Bombadeira - a dor da beleza" com o diretor Luis Carlos Alencar 

Às 19h, no Espaço Criativo!


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Instruções para estripitizar (ao som de Portishead)

Por Kamilla Damasio



Não tem segredo, é igual chegar em casa depois de um dia quente. Amarre o cabelo com o primeiro lenço azul celeste que aparecer na mesa. Os mais apressados tiram os sapatos, mas quando se começa pelo botão da calça é notável o alívio (vá direto ao vinil, bota Glory in Box). Alma, é coisa sensível, não gosta de ficar apertada mas adora música boa, de balanço mole. Tirar as calças é um processo interessante, principalmente as que apertam, tem que ter um rebolado, bem lento, pra passar dos quadris. Almas cronópianas ficam tão felizes quando as calças estão do joelho para baixo, que saem pelas partes, e dão de cara com calcinhas ou cuecas, e logo aprendem que dentro é quase sempre melhor do que quase dentro (Viu como são esses panos minúsculos e antipáticos? Prisioneiros de almas livres).

 O cadarço é solto com uma única agachada. Os dois ao mesmo tempo. Agora é só passar a ponta do pé no calcanhar direito, depois no esquerdo, ou vice-versa. Mas as meias não podem ser tiradas ao mesmo tempo! E nem faz diferença qual se tira primeiro. É só tirar. Almas sem pressa, vão dançando nas vísceras, enquanto com a ponta dos dedos, os botões se desencaixam, da esquerda para direita.

Sutiã, para os que usam, se tira com as duas mãos, virando-as para trás, da direita para a esquerda. É quando se dá o segundo pulsar quente das almas, um prazer que derruba qualquer semblante de bons modos. Geralmente causa estragos no superego. Mas libertar-se é assim mesmo, vai de encontro com o bom custume, com a velha tia beata que mora dentro de nós, que uns chamam de consciência e outros de boicote.

 Conflito se dá mesmo, ao tirar os panos minúsculos e antipáticos, é quando a tia beata segura a alma sedenta por liberdade. Corra para o banheiro, tome uma ducha. De cabeça. Da cabeça aos pés. E sinta: A água fresca descendo o couro ensolarado. Não tem tia que segure uma alma sedenta por frescor. Ela sai naquele suspiro que se faz com os lábios. Assoprando a água com a boca semi aberta.


A liberdade merece ser dançada. Braços erguidos para que o molhado percorra os sovacos. A cabeça deve ser virada lentamente: boca, pescoço e peitos molhados, mamilos duros. Dedos frios e mamilos duros. Umbigo fundo. Mão leve. Caricias incisivas. Toque forte e continuo. Give me a reason! São as palavras que normalmente são proferidas com sabor, pela boca molhada de prazer. Prazer de não precisar de uma boa razão pra ser o que se é. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A morte é um problema dos vivos


Como enfrentar a morte? Como enfrentar a doença derradeira? Como enfrentar a aproximação da experiência da morte que marca a velhice? A ausência de palavras, de símbolos e mesmo de rituais modernos para tais situações lança a angustia que marca essas experiências para o campo do silêncio, da procura pessoal sobre as formas de agir, portar, pensar e sentir.
                Nobert Elias, um dos maiores sociólogos do séc. XX, com seus mais de noventa anos, propõe-se, em “A solidão dos moribundos” e em “Envelhecer e morrer”, a discutir o constrangimento que a doença, a velhice e a morte geram nas sociedades modernas. A partir de um ângulo privilegiado, do nonagenário, desenvolve um relato mais que pessoal, quase íntimo, sobre a relação entre “envelhecer, adoecer e morrer”.
                Busca não apenas desmistificar a morte, falando abertamente sobre ela: “A morte não é terrível. Passa-se ao sono e o mundo desaparece – se tudo correr bem. Terrível pode ser a dor dos moribundos, terrível também é a perda sofrida pelos vivos quando morre uma pessoa amada”. Procura, também, diagnosticar as razões da rejeição da morte e o consequente progressivo isolamento dos moribundos e velhos exatamente no momento em que possivelmente precisariam de maior apoio e reforço dos laços de amizade, respeito e reconhecimento.
“Fantasias individuais e coletivas em torno da morte são frequentemente assustadoras. Como resultado, muitas pessoas, especialmente ao envelhecerem, vivem secreta ou abertamente em constante terror da morte. (...) Aplacar esses terrores, opor-lhes a simples realidade de uma vida finita, é uma tarefa que ainda temos pela frente. É terrível quando pessoas morrem jovens, antes que tenham sido capazes de dar um sentido às suas vidas e de experimentar suas alegrias. É também terrível quando homens, mulheres e crianças erram famintas pela terra estéril onde a morte não tem pressa. Há muitos terrores que cercam a morte. O que as pessoas podem fazer para assegurar umas às outras maneiras fáceis e pacíficas de morrer ainda está por ser descoberto. A amizade dos que continuam vivendo e o sentimento dos moribundos de que não causam embaraço aos vivos são certamente um meio.”
                O alongamento da expectativa de vida, certamente, deixou a experiência da morte mais distante, quase inimaginável para pessoas jovens. No entanto tentar evitá-la, deixando-a o mais longe e oculta quanto possível não é a única forma de posicionar-se frente a esse momento doloroso. A finitude da vida pode oferecer lições valiosas, assumir que ela chegará ao derradeiro final pode nos ensinar muito sobre como agirmos diante de nossas próprias vidas e sobre nossas relações para com as outras pessoas.
                Sentidos de vida não são dados, nem ao menos individualmente construídos. São desenvolvidos na complexa relação “eu e nós”. Refletir sobre a experiência do morrer pode ser de grande valia para aprendermos como viver, afinal “A morte é um problema dos vivos”.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Voz do Vento que Vai

E vem
O vento... voraz! E volta ao vazio de onde veio...
Veio e a vida, vivida, só, voando se vai.
Voando  volta. Volta ao que viveu como voz do coração
Vento!
Vez ou outra,
Volta e meia,
Vai e vem,
Vai.
Voltar? Não. Não mais. Não vem.


Vez ou outra,
Volta e meia,
Meia volta.
Volta? Vazio e... voraz.
Curvas? Vai e vem.
Vai. Não vem de onde está.
Vai e não volta.
Se volta? Não.
Vai.



De Heitor Amaral
Fonte: http://domeujeito-hap.blogspot.com.br/

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Kafka: o Abutre


"Um abutre bicava meus pés. Já havia reduzido botas e meias a frangalhos, e agora bicava os pés propriamente ditos. Investia contra eles com insistência, voava inquieto ao meu redor e depois retomava a tarefa.
Um senhor que passava por ali observou a cena por um instante e me perguntou por que eu me sujeitava ao abutre.
-Não tenho como me defender. Quando ele veio e começou a me atacar, é claro que tentei rechaçá-lo, até mesmo estrangulá-lo, mas esses animais são fortes. Ia me atacar o rosto, mas preferi sacrificar os pés. Já que estão quase dilacerados.
-Imagine só, deixar-te torturar dessa maneira! Exclamou o homem.
-Basta um tiro para dar cabo desse abutre.
-é mesmo? E o senhor faria isso?
-Com prazer. Só preciso ir até minha casa buscar a arma. Consegue esperar mais meia hora?
Ao que respondi: - Não tenho muita certeza.
E me levantei por um momento, rígido de dor. -Tente mesmo assim, por favor.
-Muito bem, irei o mais depressa possível.
Durante a conversa, o abutre se mantivera tranquilo, ouvindo cada palavra, olhando alternadamente para mim e para o homem. Naquele momento percebi que ele compreendera tudo.
Ele levantou voo, arqueou-se para ganhar impulso, e então, como um lançador de dardos enfiou-me o bico boca adentro. Até o fundo do meu ser. Ao cair para trás, fiquei aliviado ao sentir que o abutre se afogava irremediavelmente em meu sangue, que preenchia cada profundeza e inundava cada margem."

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Kafka: As árvores


"Pois somos como troncos de árvore na neve. Aparentemente eles jazem soltos e um pequeno impulso deveria ser suficiente para fazê-los rolar. Não, isso não é possível, porque estão firmemente atados ao chão. Mas veja, até isso é apenas aparência".

sábado, 5 de maio de 2012

Retiro Filosófico do PET/CCG - Casa Warat Goiás


Retiro Filosófico do PET/CCG
Casa Warat Goiás
2012

5 de maio
13h – Chegada e organização do espaço
16h às 18h – Leitura coletiva e debate do texto “Direito ao Delírio”, de Eduardo Galeano
18h às 20h – Tempo pessoal /Organização do sarau
20h – Frio, fogueira e lua cheia:
 Alimentando a fome de abraços no Sarau Mentes Livres
(Livro base para a loucura: O livros dos Abraços – Eduardo Galeano)

6 de maio
9h30’ – Alvorada e alongamento
10h às 10h30’ – Café da manhã
10h30’ às 13h – Celebração da voz humana: corpo e mente na linguagem da arte
(proposta de confecção de um ensaio sobre os abraços petianos)
13h – Almoço / cochicho / cesta
15h – Banho de rio no mar de delírio
17h30’ ou 18h – Despedida...



“O que é utopia ? A utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu ando dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Porque ela vai se distanciando a medida em que me aproximo. Pra que serve então a utopia? A utopia serve para caminhar “  ( Eduardo Galeano)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Kafka: Desista!

era de manhã muito cedo, as ruas limpas e desertas, eu a caminho da estação. comparei o relógio da torre com o meu e vi que era muito mais tarde do que pensava. precisava me apressar. o choque dessa descoberta me fez 
hesitar quanto ao caminho a seguir: não conhecia bem a cidade. felizmente vi um policial, corri para ele e, ofegante, perguntei-lhe qual o caminho da estação. ele sorriu e disse:

- está me perguntando qual o caminho?
- sim - respondi -, pois não consigo achá-lo.
- desista! desista! - disse ele e, com um movimento brusco, voltou-se como se quisesse ficar sozinho com o próprio riso. 

domingo, 25 de março de 2012

GRUPO DE ESTUDOS CASA WARAT



O que é a Filosofia?
(Guilles Deleuze e Felix Guattari)

1.     Dia: 13 de abril, às 16:30

·         Introdução - Assim Pois a Questão

2.     Dia: 27 de abril, às 16:30

·         O que é um Conceito?


3.     Dia 11 de maio, às 16:30

·         O Plano de Imanência


4.     Dia 25 de maio, às 16:30

·         Os Personagens Conceituais
·         Geo-filosofia


5.     Dia 8 de junho, às 16:30

·         Functivos e Conceitos
·         Prospectos e Conceitos


6.     Dia 22 de junho, às 16:30

·         Percepto, Afecto e Conceito
·         Conclusão - Do Caos ao Cérebro