sábado, 23 de outubro de 2010

Utopia?



Por Fêres El Assal



Um mundo perfeito onde todos são felizes, iguais, sem preconceitos, com total liberdade de expressão, ninguém te persegue, todos sabem que você é importante e deve ser respeitado e compreendido como você é. Conto de fadas? Parece ser realmente uma das várias historias que escutamos quando crianças, mas não dessa vez. A Organização das Nações Unidas (ONU) deu um pequeno passo para que a sociedade caminhe para um perfeito estado de harmonia e união: A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Perfeito, nem mesmo a mais popular das religiões (o capitalismo) prega tamanho grau moral. Apesar disso, todo grande avanço é acompanhado de um problema deveras extenso.
A ideia inicial era a de que todas as nações adotariam a declaração como um molde de desenvolvimento. Educação, saúde, trabalho, propriedade; quantas vezes nos prometem melhorias em tais áreas? Pelo menos se a declaração fosse levada a sério, isso já não seria problema, mas sim solução. Mais de 200 países basearam seus códigos civis e constituições na declaração, mas nenhum desses países conseguiu praticá-la. Exemplo? O Líbano é dos países do oriente médio que trava uma guerra com Israel desde 1948 (tendo-se em vista que os palestinos foram “chutados” da região com a criação do estado judeu, logo, alguma nação aliada iria tomar as dores dos exclusos). Uma vergonha para duas nações que baseiam seus códigos na declaração.
Parece ser tão simples, é só seguir essa receita que tudo dá certo, mas em qual sociedade todos os indivíduos tinham direitos iguais? Os romanos aceitavam em seu vasto império a variedade de culturas, religiões, mas uma resistência de algum grupo a ser dominado resultava em um massacre. Os árabes em sua expansão islâmica baniram a base de espada e sangue os politeístas em seus caminhos. Os americanos usam bombas e sanções econômicas em quem se opõe a sua política imperialista/capitalista. Sempre foi e sempre vai ser assim, a força é quem defende os direitos que uma nação imagina ter.
É algo absolutamente utópico imaginar uma harmonia universal. Em nenhum momento de toda a humanidade houve e jamais haverá consentimento de que todos são iguais (independente de sexo, raça, nacionalidade ou time de futebol). O homem não pratica e não ensina seus filhos a praticar a compaixão com o próximo, não é de uma vez que vamos aprender que o diferente não nos atrapalha.
Com tantos deveres presentes em todos os artigos da declaração (por exemplo, no artigo 26: “(...) a educação deve ser gratuita (...) o ensino técnico deve ser generalizado (...)”, entre outros), poderiam encontrar alguma maneira de gradativamente ensinar a humanidade de que respeitar o diferente é respeitar a si mesmo. Se isso não acontecer, caminharemos cada vez mais para o estado inicial humano descrito por Thomas Hobbes em “O leviatã” – o estado de guerra. Afim de tudo isso, bem que a ONU poderia criar uma Declaração Universal dos DEVERES Humanos, porque todos nós nascemos com direitos, mas quem nos ensina a respeitar os direitos dos outros de forma clara e eterna?

Sem mais,
bom fim de semana.

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