sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sonhe acordada menina, sonhe acordada



Por: Daniela Diniz


Texto pós Sarau Surrealista


Brasília, 2008


Seus olhos estavam nublados, as costas curvadas, os cabelos brancos. Tudo era dezembro em seu semblante. Por isso me surpreendi quando ele olhou para mim de soslaio e disse - Viver é estar eternamente a reinventar-se. A morte vem para quem se conforma consigo mesmo.

Quis pular no pescoço do velho, beijar-lhe as faces, dizer-lhe que a morte para ele jamais viria. Mas havia algo no seu silêncio que me prendeu descompassada na cadeira. No meio da imobilidade da sala, o meu coração dava saltos impossíveis. Tentava desesperadamente pará-lo para não perturbar a mudez pensativa do outro. Mas a vida ainda não me deu o poder de dizer ao coração o que sentir.

...

Ao fim da eternidade que se passou entre os ponteiros do relógio, um suspiro.... Um suspiro e um arremate - Quando o corpo corre, a mente se perde... Quando o corpo dorme, a mente sonha.

Sonhe acordada menina, sonhe acordada.

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