domingo, 9 de maio de 2010

Para os mentes-livres


Por: Rafael Ribeiro Rubro


Sarau saralma.

Faz sentir o sentido arrefecido.

Sente-se o insentido.

Podemos sentir o corpo,

Que, durante a semana de máquina,

Não temos...

Não percebemos.. .

Como não se percebem seus corpos os robôs operários...



Cheira-se o toque melódico da mão,

Que canta...

Cadências descem das estrelas desse tipo,

Que nos brindam com luz:

Sabor de cachoeirinha pequena...

Colibris que não vejo,

Vejo sua canção inexistente. ..

Mas tangentíssima ao endocárdio...



Homens e mulheres quanto aos seus sexos, não:

O ser humano se sente.

Ou melhor:

Homens e mulheres, sim,

Enquanto humanos que são,

Havendo respeitadas as riquezas,

Que costumam nomear: diferenças.



Sentiram-me os olores...

E mentes-livres disseram-me que tenho cheiros...

... mármore

Orvalho

Paz

Folha

Roupa no varal que, após secada pelo sol, a gente vai lá, abraça e cheira

Poesia

Carvalho

Água de regato...



Senti-lhes os olores...

E disse-lhes que tinham cheiros...

...gelatina de framboesa

Bala de cereja

Telha de telhado molhada e musgo encharcado

Picolé de groselha

Palha

Lençol limpo que se colocará na cama, quando do momento da muda

Pétala

Toalha macia, fofa e felpuda, após lavada e seca...



I

Já sentiste estes aromas?



II

Perfumar a vida é o abraço com que a agarramos.



III

(Sair mais cedo do forno é não estar pronto

Para ser biscoito).



IV

Ser nu e cru

É ser horta sadia da roça,

Em que a gente mesmo planta as verduras...



V

Libertar...

Sei lá...

Mas eu amo os passarinhos. ..





Villa Bôa de Goyaz, XI-IV-MMX (3:27 da madrugada)

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